10 de setembro de 2020

3 dicas para lidar com o Perfeccionismo, por uma perfeccionista!

O perfeccionismo sempre fez parte de mim, mas foi há pouco tempo que o descobri (e admiti) em meu íntimo.

Neste artigo quero compartilhar como lidei (e venho lidando com esta questão) e ajudar você, que também tem sentido isso. Vem comigo!

Como eu me descobri perfeccionista?

Eu não me encarava como perfeccionista. Mas sempre quando tinha que fazer uma tarefa em equipe, tinha algo a melhorar no trabalho dos outros. Passava horas decidindo qual era o melhor enquadramento para postar uma foto. Quando estava no primário, um dia chorei desesperada porque meu caderno estava ficando desorganizado.

Algumas vezes, as pessoas tentaram me falar que eu levava certas coisas muito a sério, mas é óbvio que não aceitei muito bem. Só conseguia enxergar meu próprio umbigo! Talvez encarasse o perfeccionismo como precisão, teimosia, detalhismo ou dedicação (ou mal de designer)!

Quando comecei minha jornada de autoconhecimento e espiritualidade comecei a despertar e ver que tinha algo de errado acontecendo ali. E que não era só no modo como lidava com os outros!

Aos poucos, fui percebendo que deixei de tocar guitarra porque não me achava boa suficiente; que parei de desenhar porque achava que a ilustração nunca estava finalizada, ou porque nunca seria tão boa quanto a de outros ilustradores; que sempre achava um defeito em mim quando olhava no espelho; que me sentia culpada por ter feito alguma coisa que julgava errada na frente dos outros; que não me valorizava e não sabia cobrar pelo meu trabalho porque não achava o que fazia bom suficiente, logo não me sentia merecedora; que quando tinha vitórias, não sabia comemorar elas porque era “só mais uma coisa simples, não um grande feito”; que não tinha coragem de mostrar meu portfólio de designer para ninguém, nem pedir opinião a algum amigo, porque não achava bom o que estava produzindo; que não sabia aceitar elogios, porque no fundo não acreditava muito neles; que gastava horas fazendo alguma tarefa que no fim nem era tão importante, mas tinha colocado como meta finalizar ou precisava riscar na minha listinha de afazeres; que me sentia super culpada quando cometia um erro (que às vezes era fazer um “risco errado” em um desenho).

Sim, eu via defeito nos outros, mas não me achava boa suficiente em comparação aos outros. O subconsciente é uma coisa maluca!

E o perfeccionismo foi desencadeando inseguranças, controle exacerbado, manias de limpeza, angústias, frustração, a sensação de não-pertencimento, procrastinação, culpas, e medos.

Aliás, eu também escrevi um artigo sobre medo, caso queira ler aqui: Como eu aprendi a superar o medo! (tô me sentindo uma pessoa complicada haha, mas eu juro que sou legal!).

Por causa do perfeccionismo já tive alergias de tão estressada que fiquei sob pressão e preocupação de entregar um trabalho perfeito na faculdade. E aquela sensação sempre tensa nos ombros? As pressões que a sociedade e mesmo a gente coloca sobre nós de sempre ter que ser o melhor em algo…

E é difícil ter que admitir isso! Mas é necessário, porque estava prestes a explodir e não sabia o motivo. Às vezes a gente acha que o mundo está contra nós, mas descobre o problema bem lá no fundinho.

E claro, quando fui descobrindo tudo isso, não queria admitir porque não queria parecer imperfeita. Tinha vergonha de admitir quanta coisa estava deixando de aproveitar e fazer por tentar ser perfeita, e sei lá mais o que!

E o que é o perfeccionismo?

É querer fazer algo de maneira perfeita. Em um certo nível, pode ser uma qualidade. Mas quando se torna uma obsessão, pode até mesmo ser considerado como transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva (TOC).

Em níveis elevados, o perfeccionismo passa a fazer tamanha pressão no indivíduo que causa constante insatisfação e culpa, podendo até mesmo desencadear sintomas mais graves como depressão.

Segundo Alice Provost (psicóloga da Universidade da Califórnia), nós perfeccionistas raramente nos percebemos assim. A sociedade nos ensina a ter orgulho dessa posição e valoriza nossas atitudes exageradas de disciplina e disposição para o trabalho duro. E com a velocidade do mundo de hoje, temos nos sentido cada vez mais pressionados a fazer coisas perfeitas em menos tempo!

Monica Ramirez Basco no livro Never Good Enough: Freeing Yourself from the Chains of Perfectionism, fala que a maioria das pessoas que se torna perfeccionista aprendeu desde cedo que só seria reconhecida e avaliada por suas realizações – nunca pelo que elas são. Desse modo, seu comportamento é pautado a partir da avaliação das outras pessoas, o que faz com elas queiram ser sempre perfeitas para se proteger das críticas.

Monica catalogou os perfeccionistas em duas categorias opostas: os introspectivos e os extrospectivos. Os primeiros são aqueles que têm auto-estima baixíssima, não confiam em nada do que fazem. Nunca estão satisfeitos com seus trabalhos; acham que qualquer errinho será uma catástrofe e os outros não irão gostar mais deles. Os outros têm a auto-estima elevada, mas não confiam em absolutamente ninguém no trabalho – não delegam nada e exigem que todos ao seu redor alcancem a perfeição que eles buscam em si mesmos. São, em português claro, chatos.

Matéria de Mariana Sgarioni para a Superinteressante, 2018.

Como lidar com o perfeccionismo?

Escrevi esse texto para compartilhar este sentimento com quem também sente o mesmo. Vamos tentar relaxar um pouco? Parar de julgar os outros e a nós mesmos?

A sociedade já nos cobra tantas coisas! Vamos ser legais com nós mesmos? Cito aqui algumas coisas que me ajudaram a lidar com o perfeccionismo!

1. Se autoconheça!

O autoconhecimento foi primordial para me ajudar nesta questão. Primeiro, porque foi através dele que descobri o que estava guardado no meu interior, me deixando aflita. E segundo, porque consegui identificar em que áreas da vida o perfeccionismo estava me afetando (no meu caso, está mais relacionado ao trabalho e depois vai desencadeando em outras áreas).

Muito dessa “mania” de querer ser perfeito pode vir por pressões da sociedade e da família (até mesmo pesquisas apontam que o excesso de competitividade está deixando as gerações cada vez mais obsessivas com a perfeição). Mas não quis me prender muito tentando entender a origem ou querendo culpar alguém. Quis focar em como me ajudar!

2. Relaxe um pouco!

Caro leitor perfeccionista, eu sei que não é fácil, mas tente relaxar um pouco! Dói falar isso, mas você já parou para pensar que o “perfeito” é apenas uma ilusão?

Somos humanos e nunca seremos 100% perfeitos (até as máquinas dão erro);

O que é perfeito para você não é o ideal de perfeito para outra pessoa;

Geralmente quando dizemos que algo é perfeito, apenas estamos comparando isso a algo que julgamos imperfeito (e às vezes fazemos isso com nós mesmos);

A perfeição exacerbada não nos leva a lugar nenhum! Pensa assim: vai mudar algo no mundo ou na minha vida se a gaveta de meias não estiver 100% organizada? Ou se um quadro estiver torto na parede?

Não! Então relaxa um pouco, por você. Está tudo bem! Não tem problema nenhum descansar um pouco e não se doar 100% do tempo.

Vai, aproveita esta leitura longa para dar uma respirada bem profunda, solta os ombros! Coloca esse peso para fora!

Algo que me ajudou muito foi ter um cachorro, porque me ensinou que a casa nunca estará 100% organizada ou limpa. No início ficava incomodada, agora já fico achando que a casa está sem vida quando ele não está por perto.

Um conhecido disse que construiu uma porta torta em sua casa para aprender a lidar com seu excesso de perfeccionismo. Descubra o que você pode fazer para levar uma vida mais leve!

3. Use o perfeccionismo a seu favor!

Sim, como uma perfeccionista quis descobrir qual era o lado bom dele! Impossível estar ao lado do perfeccionismo tanto tempo e nunca ter desfrutado, não é mesmo? E descobri que tem lado bom sim!

Usado de maneira saudável, pode nos levar a grandes resultados! Vou citar aqui 2 exemplos legais (nada de documentários ou filmes chatos para nos sentirmos culpados, tipo o Aviador).

– Chef’s Table: Cada episódio desta série da Netflix, retrata a história de um(a) chef de cozinha. O episódio 3 da 3ª temporada mostra a premiada chef Nancy Silverton e como sua obsessão por massas a levou a construir um império de padarias e se reinventar.

– Uma Beleza Fantástica: O filme tem como protagonista Bella Brown, uma mulher solitária com TOC (Transtorno obsessivo-compulsivo) pela perfeição e organização. Com o desenrolar do filme, Bella vai se transformando e libertando de seus medos através da pureza da amizade, do amor (e do seu jardim!). Disponível na Netflix.

Fonte: https://www.he.om.br/blog_i.php?r=3-dicas-para-lidar-com-o-perfeccionismo,-por-uma-perfeccionista!&q=17